Conversa com o Homem Roupeiro
de Ian McEwan
de Ian McEwan
2 de março, 21h30
Em Conversa com o Homem Roupeiro estamos quase no fim ou no fim mesmo do caminho. A disponibilidade para a Luta já terminou. Aconversa inicia-se depois da batalha perdida e com o personagem assumidamente derrotado. Exausto. Já não come, não se veste, não paga a renda, não ousa sair… bate punhetas. É um número. Cabe num qualquer ficheiro, em qualquer armário. Está disponível para se entregar e ser manipulado. A quem e por quem? Ao e pelo Estado, claro!
Através dum humor requintadamente negro, McEwan instala o personagem numa perspectiva paradigmática e perversa. A máxima responsabilização do Estado no momento exacto em que esse mesmo Estado se demite das suas funções perante o cidadão. O personagem/cidadão diz: estou aqui, fiz tudo o que estava humanamente ao meu alcance para ser normal. Acreditei no vosso discurso. Não funcionou. ok! Eu já não aguento mais. Agora a responsabilidade é totalmente vossa. Estou consciente e disponível. Matem-me! Não preciso da vossa liberdade, não me governo com ela, “ na verdade, lembro-me agora de por vezes ter desejado menos liberdade. A liberdade condicional não me paga a comida e a renda. Quero ser pequeno, não quero este barulho e estas pessoas à minha volta. Quero estar longe disso tudo, no escuro”. Esqueçam-se de mim.
Rui Madeira
Ian McEwan nasceu em 1948. Filho de um oficial do exército, passou
a sua infância em Singapura e em Tripoli e regressou a Inglaterra para
ingressar na escola. Em 1967, entrou na Universidade de Sussex para cursar
Inglês. Completou posteriormente os seus estudos com um Mestrado na
Universidade de East Anglia. Em 1975, a sua primeira coletânea
de contos, First Love, Last Rites (de onde foi extraído Conversa
com o Homem Roupeiro) ganhou o prémio Somerset Maugham na categoria de
ficção. O seu livro The Confort of
Strangers foi nomeado para o Booker Prize de 1981. The Child in Time, livro que ganhou o prémio Whitbread, foi
publicado em 1987. Tem várias obras editadas em Portugal. Ian McEwan escreveu peças para
televisão e guiões para o cinema, bem como um libretto para o oratório Or
Shall We Die? de Michael Berkeley.
autor Ian McEwan | adaptação Luísa Santos Costa | instalação teatral Rui Madeira, Alberto Péssimo | figurinos Sílvia Alves | desenho de luz Fred Rompante | criação de ambiente sonoro Pedro Pinto | elenco Rui Madeira, André Laires | criação gráfica Carlos Sampaio | fotografia de cena Paulo Nogueira
M/16
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